quarta-feira, 20 de abril de 2011




Corre, mas corre devagar. Não tenhas pressa, dá um passo de cada vez. Mas corre, corre, corre, corre na minha direcção. Estende a tua mão no mais incrível gesto de ternura para contigo mesmo e comigo, e eu olho-te nos olhos, com o mais incontrolável brilho de admiração. Prolonga-se. E vai multiplicando o desejo de te ter lado a lado, de mão dada, quem sabe. Corres, mas já não sei se te aproximas ou se foges. Incontrolável pensamento, que domina este consciente acorrentado. É como se o teu infinito fosse mais longo que o meu. E tu corres sem chegar ao fim. Infinito que é infinito não se denomina como tal. Mas tu não tens noção do teu infinito, como terás de qualquer outro?
Queria neste momento, acalmar a ansiedade que se ramificou e se instalou. Chamar, gritar e pedir, pelo teu olhar, pela tua mão estendida na minha direcção. Vagueiam assim, pensamentos soltos, num discreto e inconfundível ser. Pensas sem pensar, que aquilo que pensas é muito mais do que tinhas imaginado. E já que se ditaram palavras a volta da imaginação, deixa-me imaginar o mundo à minha maneira. Aos meus olhos, ao meu gosto, à minha vontade... Mudaria tudo e nada. Desde que o mais importante estivesse sempre perto, guardado talvez. Esquecendo então a imaginação, agora. Estou a ver-te a correr, ainda. Tens um sorriso no rosto. Talvez noutra direcção, mas tens. Expressa felicidade, bem-estar. É resplandecente, indiscreto, sublime, é teu essencialmente. Transportas nele tantas formas diferentes de sonhar e de viver. De encarar e de se orgulhar. És sem duvida uma característica caixinha surpreendente. Não te escondas mais do mundo enquanto corres. Dá pequenos passos, para que eu possa descobrir as restantes feições que trazes contigo.

Aprecio-te, silenciosamente. Quem sabe não estendes a mão na minha direcção e me surpreendes assim com o teu olho de cristal… 

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